Claro que os clichês não ficam de fora, sobretudo em filmes dentro desse gênero que se restringem a um único cenário
Para o Cinema, o mar, com toda sua grandeza e da sua sensação de isolamento, nem sempre passou uma noção de tranquilidade. Ele pode servir de cenário para o pior dos pesadelos, ao contrário da paz que algumas pessoas tentam buscar longe do tumulto e da violência nas cidades.
Pensando assim, fácil lembrar de algumas produções em que o sossego ficou longe dos serenos passeios marítimos. Caso de Terror A Bordo (1989) estrelado por Nicole Kidman, Sam Neill e Billy Zane. No filme, um casal que vivenciou uma tragédia resolve passar um tempo num barco em alto mar, entretanto, recebem a visita inesperada de um homem que diz ser sobrevivente de um naufrágio.
Armadilha em Alto Mar (2024) chega com essa ideia. O diretor e roteirista Phil Volken escolhe um pacato, vasto e belo cenário oceânico para criar um filme mesclando Suspense e Thriller de Sobrevivência. Sim, aqui mais uma vez é posto a prova que uma embarcação em alto mar não pode ser a solução para a paz.
Kaya (Isabel Gravitt) e Tessa (Genneya Walton) são duas amigas que só querem aproveitar o dia de sol ao lado de dois jovens amantes dos esportes radicais. Porém, ao longo do passeio, um acidente fatal faz que o grupo seja resgatado por uma lancha pesqueira. Acontece que o dono da navegação esconde alguns segredos cruéis.
O diretor prefere não iniciar seu filme de forma tensa. Os 15 primeiros minutos são ornados de uma atmosfera teen despretensiosa e romântica inserido numa paisagem paradisíaca. Esse prelúdio serve para reforçar a amizade entre Kaya e Tessa. O terrível acidente (talvez uma das partes mais chocantes do filme) começa a dar lugar a uma trama sombria e de sofrimento para o grupo.
O problema do filme é criar uma tensão que se desgasta lentamente. Seja porque Kaya acaba sendo a única personagem a se sobressair no grupo, seja pela facilidade com que ela resolve alguns obstáculos do ambiente opressor onde agora se encontra. Além disso, o filme perde um pouco por não trazer um vilão cuja personalidade fosse melhor construída para a trama (faltou aqui aquele vilão que fica lembrado pelos cinéfilos).
Claro que o diretor não quis pegar pesado nas cenas, evitando derramamento de sangue gratuito ou tortura extrema e forçada. Então, quem espera algo bem ligado ao gênero Terror, pode se decepcionar bastante.
Claro que os clichês não ficam de fora, sobretudo em filmes dentro desse gênero que se restringem a um único cenário. Velhos artifícios que continuam engrenando e que ainda são capazes de segurar o espectador. Aqui não foge a regra e eles estão presentes: personagens inesperados que surgem, o(a) mocinho(a) que agora precisa dar seu troco, aquela pseudo sensação de que o vilão não está mais em nosso encalço, a descoberta de algo ainda mais terrível por trás da ação de alguns personagens.
Os 85 minutos de Armadilha em Alto Mar se encaixam dentro de um tempo correto mesmo que siga por um caminho de regularidade. Menos mal não se alongar caindo em repetições e se valendo daqueles personagens que teimam em morrer propiciando cenas exageradas e absurdas que acontecem a exaustão apenas para dar mais duração a uma trama cansada.
Como disse um dos personagens no filme: ‘O mar é um lugar muito perigoso. É frio, brutal, profundo e solitário. É preciso ter cuidado’. Sobretudo quando a violenta natureza humana entra em cena nesse ambiente. E o Cinema, às vezes nem tão perfeito, segue ressaltando essa ideia.
Armadilha em Alto Mar
Dead Sea
Ano: 2024
Gênero: Drama, Policial, Thriller
Direção: Phil Volken
Roteiro: Phil Volken
Elenco: Isabel Gravitt, Genneya Walton, Koa Tom, Brian Silverman, Dean Cameron, Alexander Wraith
País: Estados Unidos
Duração: 1h 28 min
NOTA DO CRÍTICO: 6,0
Trailer:
Mediano, mas bom