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Alien: Romulus se equilibra entre homenagem e novidades, ao mesmo tempo que recoloca a franquia nos trilhos

Romulus volta ao básico dos dois primeiros filmes, com ação e terror intensos, sem a complexidade e teologia de Prometheus

Alien: Romulus
Divulgação/20th Century Studios


Alien: Romulus (2024) é, literalmente, uma carta de amor e paixão de Fede Alvarez para a lendária obra de Ridley Scott e um bálsamo para os fãs da franquia. Após alguns derivados recentes que ficaram aquém, esse pode ser o filme que todos estavam esperando. O uruguaio já havia realizado esse feito com o remake de A Morte do Demônio (2013) e ainda carrega em seu currículo filmes como O Homem nas Trevas (2016) e sua sequência de 2021.


Não é novidade para ninguém que Ridley Scott criou um marco da ficção científica com Alien (1979). Além disso, ele também é responsável por Blade Runner, outra obra cultuada no universo da cultura pop. Talvez naquela época ele mal imaginava que suas obras renderiam duas das maiores franquias de ficção científica, carregando toda uma cultura, importância cinematográfica e uma legião de fãs através dos anos. Um legado imensurável para cultura pop.


Após o clássico de 79, veio Aliens: O Resgate, dirigido por James Cameron, fazendo jus ao filme de Scott, talvez ficando milésimos atrás. A franquia ainda seguiu com Alien 3, Alien 4 – Ressurreição, Prometheus, Alien – Covenant, além de jogos e produtos derivados. Rendeu até um derivado esquecível e sofrível em Alien vs. Predador de 2004. A grande sacada de Alvarez foi ambientar seu filme entre o clássico de 79 e O Resgate de 89, e a forma magistral como ele aborda a relação de humanidade e tecnologia faz uso certeiro da computação gráfica para trazer de volta à vida um personagem emblemático do primeiro filme.



Fede também sabe trabalhar muito bem essa conexão entre orgânico e sintético, elementos que conferem a Romulus uma atmosfera sombria de filmes de terror, sem esquecer de temas sociais, preconceitos e até mesmo trabalho escravo. O longa concentra sua narrativa cerca de 50 anos após os eventos de Prometheus e 20 anos após o encontro épico com a criatura no filme de 79, dirigido por Scott. A trama foca em novos personagens, incluindo jovens que invadem uma estação espacial da Weyland-Yutani em busca de equipamentos. Onde conhecemos Ray (Cailee Spaeny), uma jovem intuitiva e carismática, e o androide Andy (David Jonsson), que traz uma nova dinâmica para a relação entre humano e sintético.


Cailee se mostra uma atriz com um talento incomum, destacando-se após Priscilla (2023) e Guerra Civil (2024). David também sabe roubar as cenas e traz toda uma nova simbologia para essa saga.


Romulus, em muitas cenas, parece voltar ao básico dos dois primeiros filmes, com muita ação e terror, apresentando cenas tensas e frenéticas, sem toda aquela complexidade e teologia pesada que vimos em Prometheus, embora Fede não deixe de pisar nesse terreno algumas vezes. O filme consegue resgatar aquela sensação de claustrofobia, ambientes escuros, várias mortes, gosmas pingando, e Facehuggers velozes que trazem uma nostalgia saborosa. O longa expande os cenários à medida que a trama se desenrola, culminando em um terceiro ato grandioso e de alta tensão. Pode soar um pouco exagerado, mas garante divertimento e uma surpresa satisfatória.


Os efeitos práticos são muito bons, tornando o filme memorável e repleto de memórias. A caracterização dos Xenomorfos, com aquele ar nostálgico, vai te fazer lembrar das noites assustadoras na frente da TV quando eles apareciam. Muito disso vem da cinematografia de Galo Olivares, que consegue equilibrar a estética retrô com uma experiência imersiva e moderna. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch complementa perfeitamente a montanha-russa de ação, em alguns momentos desaparecendo totalmente, deixando apenas os sons da respiração pesada de Rain — e a sua.




Romulus resgata e reacende a mitologia dessa saga tão amada pelos fãs de ficção científica. Apresenta novidades um tanto satisfatórias e traz uma personagem destemida e forte, dando vida e sequência a essa história de maneira competente e eficaz. Em outras palavras, Alien: Romulus recoloca a franquia nos trilhos, agradando tanto fãs antigos quanto novos, mesmo que mostre um certo apego ao passado.

 

Alien: Romulus


Ano: 2024

Gênero: Terror, Ficção Científica

Direção: Fede Alvarez

Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues Mendez

Elenco: Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Isabela Merced

País: Estados Unidos

Duração: 119 min


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,0

 

Trailer:



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