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Foto do escritorMarcello Almeida

'A Light For Attracting Attention', uma estreia inconfundivelmente excepcional do The Smile



O Radiohead é daquelas bandas que despertam atenções no mundo todo, muito pelo poder criativo que envolve o grupo, detalhe esse, que classificou o conjunto de Yorke como uma das melhores bandas dos últimos tempos. Dito isso, quando seus membros se envolvem em projetos paralelos isso aguça a imaginação e atiça a curiosidade sobre o que essas mentes brilhantes estão aprontando.


Acontece que Thom Yorke e Jonny Greenwood resolveram se aventurar e experimentar novos elementos e chamaram Tom Skinner do Sons Of Kemet para fazer parte do show melancólico, límpido, abstruso e certeiro para os tempos atuais. Desse encontro nasceu o The Smile, e após várias provocações, singles e uma série de shows aclamados, o disco de estreia da banda já se encontra presente entre nós. ‘A Light For Attracting Attention’ confirma tudo aquilo já experimentado nos singles que antecederam o lançamento.


A energia cósmica do trio funciona muito bem, feito um triangulo amoroso musical e tornou os art-rockers em uma bomba sonora impactante, onde o espirito juvenil de uma banda de garagem permanece vivo e aceso, formando uma base sólida para ‘A Light For Attracting Attention’. Se você ouviu o principal single “You Will Never Work In Television Again” percebeu assim como eu que a canção traz uma ambientação mais voltada para o estilo Punk, enquanto Thom Yorke jorra versos de abandono “consoladores”: “Não tenha medo, meu amor-ele é uma névoa gorda do caralho/Ossos jovens cuspidos, garotas cortando seus pulsos”.

O disco de estreia da banda pode não ser algo extraordinário, mas são canções emocionantes feitas por alguns dos melhores músicos dos últimos tempos. Um encontro libertador e honesto.

O equilíbrio necessário entre melancolia e agressividade. Não se torna difícil definir o disco como o melhor álbum de um projeto paralelo do Radiohead. Isso pode muito bem te levar a imaginar ou enxergar o disco como uma obra "classuda" do grupo, pelo simples fato dele soar bem mais arrojado do que qualquer outro projeto que os membros da banda se envolveram em seus discos solos.


As guitarras inconfundíveis de Jonny Greewood estão lá, acesas e emergentes, como ele sempre foi. A voz de anjo de Thom Yorke também está lá, às vezes nervosa, às vezes sentimental ou até mesmo primitiva. Sussurros vindo da alma. Nigel Godrich, produtor e colaborador de longa data, parece muito bem saber assumir as rédeas e colocar em destaque o brilho intenso de cada um deles. Algo atroz e lindo em todo seu contexto harmônico.


“We Don’t Know What Tomorrow Brings” de maneira estonteante, vai te mergulhar no oceano Pós-Punk amparado por uma ambientação densa e frenética. Parece lúdico e estranho, mas essa canção consegue deixar rastros de “Sit Down Stand Up” bem cristalizados em sua construção, com Yorke cantando sobre estar preso na rotina diária. Ou podem ser apenas vibrações emergindo de Thom e Jonny? Uma sensação nostálgica emanando entre eles, uma explosão que não ouvimos desde álbuns como ‘In Rainbows’ e ‘Hail To The Thief”. Mas isso pode ser apenas uma divagação desse que voz escreve.


A verdade é que se esse disco fosse apresentado como um sucessor de ‘A Moon Shaped Pool’ de 2016, nós teríamos sido felizmente enganados e estaria tudo certo. É como se o The Smile conectasse a relação criativa de Thom Yorke e Jonny Greenwood como nunca antes visto.


Basta olhar atentamente para abertura do disco com “The Same” uma espécie de dueto harmonioso entre Yorke e Greenwood, onde os dois se tornam o centro das atenções. A canção não possui outros instrumentos como metais, cordas e bateria. São somente os dois imersos na beleza dessa faixa, enquanto Yorke clama por uma aproximação humana. “Somos todos iguais” profere ele. A faixa segue abastecida por sintetizadores que buscam uma certa semelhança com “Everything In Its Right Place” que abre o exuberante e hipnótico 'KID-A'.


As treze canções do disco estão conectadas e entrelaçadas para abordarem as turbulentas relações humanas que se dizem modernas. Faixas como “The Smoke” afunda em uma atmosfera árida e ameaçadora, enquanto “Free In The Knowledge” chega como uma das faixas acústicas mais bonitas e inspiradoras do The Smile, se colocando ao lado de baladas como “True Love Waits”.


Os talentos de Skinner na bateria trazem uma roupagem meio que jazzista para o disco e ganha mais notoriedade na poderosa e exuberante “Thin Thing”. O The Smile pode muito bem ser uma estratégia para Thom Yorke e Jonny Greenwood adotarem a liberdade no processo criativo, livre daquela pressão corriqueira de um lançamento do Radiohead. Ao se libertar dessas vertentes, esse supergrupo se viu livre para criar canções cativantes e satisfatórias. Assim como o nome irônico da banda sugere, eles podem muito bem se divertir e sorrir em meio a toda melancolia proposta por ‘A Light For Attracting Attention’, e depois que você ouve algumas vezes, isso tudo começa a fazer algum sentido.

 

The Smile

'A Light For Attracting Attention'


Lançamento: 13 de maio de 2022

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Ouça: "You Will Never Work In Television Again", "The Smoke" e "Free In The Knowledge"


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Confira o vídeo de "You Will Never Work In Television Again" abaixo:


 

Ouça no Spotify:















 




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