Um marco na música brasileira, um disco que se faz presente em nossa atualidade
Paulo César Batista de Faria, mais conhecido como Paulinho da Viola, é um dos grandes nomes da música brasileira que neste ano de 2022 completa 80 anos em 12 de novembro e celebra também os 50 anos de lançamento de “A Dança da Solidão” seu quinto disco solo que se tornou um marco importante em sua ótima discografia que une de forma sublime o Samba, MPB, poesia, questões sociais e filosofia, características que consolidaram sua carreira em 1972.
Paulinho da Viola começou sua carreira musical em 1965 como integrante do musical “Rosa de Ouro", até conseguir sua fama ele tocou em botequins, bares e restaurantes da cidade do Rio de Janeiro com um repertório que mesclava músicas autorais com canções de sambistas do passado, com respeito, admiração e maestria ao adotar a poesia do Samba de Raiz e a delicadeza do Choro no seu grandioso repertório musical composto por belas letras e sons impactantes extraídos do famoso cavaquinho e seu violão.
Em 'A Dança Da Solidão' isso tudo é muito bem representado por 12 faixas que são o puro creme da arte com letras atemporais e uma sonoridade extravagante. O disco se tornou um norte e referência para vários artistas como a bela cantora Marisa Monte que lançou em 1994 o ótimo 'Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão' com direito a uma regravação sensacional da faixa “Dança da Solidão” com participação especial de Gilberto Gil no violão.
“Guardei Minha Viola” música que abre o álbum possui um ritmo rápido nos seus instrumentos e uma letra que enfatiza a tristeza ao guardar a viola por conta de querer esquecer um acontecimento ruim. “Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim)”, comove com a letra intimista do importante sambista Wilson Batista que reflete o passado e o presente de forma profundamente reflexiva. “Papelão” funciona como um canto lírico que destaca a decepção diante de um desrespeito. Paulinho da Viola sabe muito bem como conduzir sua melodia e canto, e passar seu sentimentalismo com canções que vão além da alma de um poeta.
“Duas Horas da Manhã” um samba do excelente Nelson Cavaquinho que mostra a melancolia de esperar pela pessoa amada, aquela incerteza de não saber se irá ter tempo para encontrar o tão sonhado amor. “Ironia” se apresenta como um registro irônico sobre um amor perdido. Já “No Pagode do Vavá” exalta o samba com alegria, aquela música perfeita para aquele churrasco de domingo com os amigos, a canção ainda faz menção ao grande Elton Medeiros, um grande parceiro musical do artista carioca.
A faixa título faz muito bem sua função de colocar em evidência o teor poético da obra, uma música que fala sobre a solidão e o reflexo disso no mundo ao seu redor. “Acontece” uma canção do fabuloso Cartola que apresenta uma letra de um amor desfeito por uma pessoa que não sente mais amor pela outra, e que foi escolhida no disco para celebrar a vida do seu compositor que é um dos fundadores da escola de samba da Mangueira. “Coração Imprudente” retrata a insistência sentimental de uma pessoa que quer amar, mas que sentimentalmente ainda não se curou das suas feridas emocionais. “Orgulho” retrata uma crítica a personalidade de um ser orgulhoso que não percebe o passar do tempo. Em “Falso Moralista” encontramos uma crítica a hipocrisia do moralismo que conta com a composição do esplêndido Nelson Sargento. “Passado de Glória” é uma bela homenagem à escola de Samba Portela, o lado torcedor de Paulinho da Viola ganha asas e voa longe para elencar o amor pela escola de samba, um torcedor do Vasco apaixonado apaixonado pela Portela.
'A Dança da Solidão' é um dos melhores de discos do eclético e maravilhoso ano de 1972 que teve lançamentos espetaculares desde Clube da Esquina de Milton Nascimento e Lô Borges, Acabou Chorare dos Novos Baianos, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars de David Bowie e Harvest do Neil Young. 'A Dança da Solidão' se destaca pela versatilidade de Paulinho da Viola ao colocar o Samba no topo de forma magnifica, cativante e envolvente com músicas cheias de ritmo e sentimentalismo que mostram o quanto Paulinho da Viola é um sambista esplêndido, genial e importante para a história da música brasileira.
A Dança da Solidão
Paulinho da Viola
Gênero Musical: Samba, MPB
Lançamento: 1972
Humor: Reflexivo, corajoso e rustico.
Ouça: "No Pagode do Vavá", "Dança da Solidão", "Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim)"
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